PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL
A migração tem se tornado uma das grandes polêmicas da atualidade. Por um lado, ela reflete uma grande crise humanitária, a de populações que são forçadas a deixar seus países de origem, em condições precárias, devido a guerras, a crises econômicas, governos ditatoriais, racismos e catástrofes ecológicas. É justo deixá-los a sua própria sorte? Por outro lado, os países ricos ou em desenvolvimento, que tradicionalmente acolhiam esses grupos, começaram a levantar obstáculos à imigração, seja pela dificuldade econômica de abrigar quantidades crescentes de imigrantes, seja por sentirem sua cultura ameaçada e a dificuldade da integração com povos com valores diferentes ou até mesmo pelo medo do terrorismo ou da criminalidade. No final de 2018, a ONU aprovou um acordo mundial sobre a questão, ao qual o Brasil aderiu, mas do qual o novo governo do país promete retirá-lo. Na coletânea de textos que acompanha esta proposta, você pode se informar melhor sobre a questão e os pontos de vista opostos de políticos brasileiros sobre isso. Com essas informações e com outras, que façam parte do seu repertório pessoal, redija uma dissertação argumentativa, expondo seu ponto de vista sobre como nosso país deve se posicionar diante da onda de imigração no mundo contemporâneo.
TEXTO I
Pacto Global sobre Migração
Marrakech (Marrocos) – Um novo acordo mundial para a migração, idealizado pela ONU, foi confirmado, em 10 de dezembro de 2018, pela maioria dos países que fazem parte da organização, apesar de dezenas de nações terem se recusado a participar. O pacto pretende fortalecer a cooperação internacional por uma "migração segura, ordenada e regular" e pede o fim de das prisões arbitrárias e das deportações imediatas de imigrantes, individual ou coletivamente. Os termos do acordo haviam sido estabelecidos em julho, com apoio unânime de 193 Estados-membros da ONU – inicialmente, apenas os Estados Unidos ficaram de fora. Nos meses seguintes, porém, diversos governos desistiram de participar do pacto, afirmando que ele poderia incentivar a imigração ilegal e ameaçar a soberania nacional. Segundo a agência AFP, ao menos 15 países, a maioria europeus, se recusaram a participar. O Pacto Global sobre Migração foi ratificado na Assembleia Geral da ONU em 19 de dezembro de 2018 por 152 países. Apesar disso, a maioria deles manteve seu apoio ao documento, cujo texto foi defendido por diversos líderes, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel e o ex-presidente dos EUA Barak Obama. Mas seu sucessor, Donald Trump, sempre se manteve crítico a ele e foi responsável pela recusa de seu país a participar. Pelas estimativas da ONU há 258 milhões de imigrantes no mundo e esse número deve continuar crescendo. Desde 2000, pelo menos 60 mil deles morreram na tentativa de entrar em outro país. Folha de S. Paulo (Editado)
TEXTO II
A favor da participação do Brasil
O ministro das Relações Exteriores brasileiro no governo Temer, Aloysio Nunes, afirmou que a questão migratória é uma questão de direitos humanos e que o acordo é um compromisso para garantir "os direitos e a segurança daqueles que cruzam terras e mares para sustentar suas famílias e buscar uma vida mais segura". "Devemos responder aos desafios humanitários e de proteção dos migrantes e fortalecer a cooperação internacional para transformar esses desafios em oportunidades, estimular economias, revitalizar o tecido social e gerar mais prosperidade para todos", disse, lembrando que o Brasil foi formado por imigrantes. Folha de S. Paulo (Editado)
TEXTO III
Retirar o Brasil do Pacto
O então presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), disse em 18 de dezembro do ano passado que a migração tornou "simplesmente insuportável" viver em algumas partes da França e voltou a falar em barrar imigrantes que queiram vir ao Brasil. Ele lamentou que o atual governo tenha assinado o pacto de migração da ONU e disse que vai revogar a participação quando assumir o cargo. "Todo mundo sabe o que está acontecendo com a França. (...) E a tendência é aumentar a intolerância. Os que foram para lá, o povo francês acolheu da melhor maneira possível", afirmou, "mas vocês sabem a história dessa gente, né? Eles têm algo dentro de si que não abandonam as suas raízes e querem fazer valer a sua cultura, os seus direitos lá de trás e os seus privilégios. Parte da população, das Forças Armadas e das instituições francesas começam a reclamar quanto a isso. Nós não queremos isso para o Brasil". Folha de S. Paulo (Editado)
Fonte da proposta: Uol.
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