PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA: Os limites da liberdade de expressão no mundo contemporâneo
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema Os limites da liberdade de expressão no mundo contemporâneo, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Recentemente um amigo postou uma piada em seu mural do Facebook. Fiz um comentário no post dele, remetendo a uma situação da época em que trabalhamos juntos. Imediatamente um rapaz postou um comentário extremamente ríspido em resposta à minha brincadeira, sendo que ele sequer tinha como entender o significado da mesma, por desconhecer a situação que a gerou. Respondi em tom ameno, o que foi rebatido com novo comentário que, dessa vez, foi ainda mais grosseiro. Respirei fundo e respondi que o espaço em específico do post era para brincadeiras e não para alfinetadas. Além disso, eu não o conhecia e, em se tratando disso, gostaria que as formalidades e respeito fossem mantidos. Nova resposta do sujeito, que dessa vez conseguiu se superar na falta completa de noção de fair play, limite, cordialidade e respeito a uma desconhecida (eu, no caso) e também ao seu próprio amigo (o amigo em comum). Minha opção foi apagar meus comentários e enviar mensagem privada ao amigo que o sujeito e eu temos em comum, citando que considerei deselegante a atitude do rapaz e que em respeito a ele (meu amigo) eu não iria seguir a discussão, afinal, não se tratava do meu mural, do meu espaço. O amigo em questão respondeu que considerou minha atitude correta, e então falamos um pouco sobre essa onda de liberdade não dada que está assolando as redes. Então, pergunto: que liberdade é essa que as pessoas tomaram ao atravessar conversas entre A e B, falar tudo o que pensam muitas vezes sem entender o que está sendo dito por outras pessoas, xingar, ser mal-educadas, agressivas, intolerantes? As redes sociais não deixam de ser extensões de nossos espaços reais, e eu me sinto invadida e incomodada com alguns comentários e atitudes que certas pessoas tomam, ainda mais pessoas que não conheço. Por certas vezes, qualquer um de nós pode ultrapassar algum limite sem perceber e, ok, fatos isolados podem ser perdoados. Mas a constância desse tipo de comportamento não é legal e pode indicar até mesmo algum tipo de transtorno psíquico. Liberdade com os outros, assim como a própria, se conquista. Se não dei, não tome. Se sinalizei o limite, não insista. Espaço e respeito, virtual ou não, todo mundo quer o seu e precisa saber conviver com o dos outros. É a velha máxima do “seu espaço termina onde inicia o meu”, lembram? Disponível em: http://sweetestpersonblog.com/2012/04/12/limite-e-respeito-nas-redes-sociais/. Acesso em 21 jan 2015 (adaptado).
TEXTO II
O silêncio desapareceu na esquina da irracionalidade com a intolerância, no cruzamento do cinismo com a cara de pau. Deu lugar à hiperinflação das opiniões raivosas, dos julgamentos sumários, das explicações esdrúxulas. Aquela, acredite, é pior que a escalada frenética dos preços, velha conhecida dos brasileiros, sepultada há duas décadas. A cobiçada visibilidade nas redes sociais ou a mera incapacidade de emudecer detonaram o movimento. E a barulheira se espalhou. O habitual já não é a contrição, mas o falatório. Ao fim da semana de tristezas enfileiradas, #ficaadica: é preciso o silêncio. Diante do inexplicável, que venham o olhar solidário, o calar respeitoso. Não é caso de um minuto, mas de horas, quem sabe, dias de silêncio. A vontade de opinar instantaneamente exterminou a discussão cordial, o debate embasado. E momentos dramáticos tornam-se campeonatos de grosseria, ralis de vergonha alheia. No raiar de 2015, exemplos se sucedem. Quartafeira passada, em Paris, homens armados de AK-47 adentraram a redação do semanário “Charlie Hebdo”, fuzilaram uma dúzia de pessoas, entre jornalistas e policiais; feriram outras 11. Uma França aturdida fez um minuto de silêncio no dia seguinte. A Internet não se calou um segundo. Montado o ringue, a rede mundial pôs de um lado os radicais da liberdade; de outro, o esquadrão da relatividade. Foi um Fla-Flu de ofensas. A obsessão pelo confronto aniquilou o diálogo, fez desaparecer a busca pelo consenso. Caiu em desuso o ditado que ensina: “Melhor ouvir tal coisa do que ser surdo”. Nos dias de hoje, só interessa falar. Na Babel das redes sociais, a gentileza foi soterrada. Bastou um escrever #JeSuisCharlie (#EuSouCharlie), slogan da corrente de luto pelos chargistas mortos, para outro devolver com um #Nãosouetenhoraivadequemé. No lugar de argumentações civilizadas, imperou o mesmo festival de agressões que, nas eleições de 2014, semeou o ódio e destruiu amizades. Sim, é legítimo defender com paixão a liberdade de expressão, bem como se indignar com uma charge, uma frase, uma criação artística considerada de mau gosto ou ofensiva. Não é incomum o humor resvalar para interpretações racistas, homofóbicas, machistas ou de intolerância religiosa. Cabe de um tudo no pote de mágoas. Há uma gama de reações ao alcance de quem se sentir desrespeitado. O leque inclui de campanhas de protesto a boicote comercial, de pressão sobre patrocinadores a medidas judiciais. Tampouco sobram razões para defender a livre expressão do pensamento. Mas nada justifica, em nenhum dos lados do debate, as ofensas pessoais, a brutalidade difamatória, a violência física ou, como na tragédia francesa, os homicídios em série. (…) Quando não há nada de bom a ser dito, o silêncio é sagrado. Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/sagrado-silencio-15019891. Acesso em 21 jan 2015 (adaptado).
TEXTO III
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