Estudo da obra obrigatória vestibular UFNT - UFT : "Insubmissas Lágrimas de Mulheres", Conceição Evaristo
"O real vivido fica comprometido. E, quando se escreve, o comprometimento ( ou não comprometimento) entre o vivido e o escrito aprofunda ainda mais o fosso. Entretanto, afirmo que, ao registrar estas histórias, continuo no premeditado ato de traçar uma ESCREVIVÊNCIA.” – Conceição Evaristo
É assim que Conceição nos apresenta o livro Insubmissas lágrimas de mulheres. Um livro de contos inspirado em entrevistas que a autora fez com mulheres negras. Narrado em primeira pessoa, a Conceição deixa fluir sua escrevivência marcando como essas mulheres conseguiram criar alternativas para superar alguns sofrimentos. Esta resenha apresentará brevemente o tema de cada um dos contos. Contudo, minha resenha não esgota a beleza que é a escrita de Conceição Evaristo.
Aviso que algumas dessas narrativas contém gatilhos de violência doméstica e sexual.
Aramides Florença
Neste primeira narrativa acompanhamos a história de amor de Aramides pelo pai de seu filho. O que parecia ser uma história de amor e felicidade termina por ser uma narrativa de violência sexual e abandono parental.
Natalina Soledad
A história da Natalina é sobre autonomeação. Ela cresceu com a falta de amor dos pais e irmãos, mas ao longo da vida foi construindo alternativa próprias a solidão.
“Natalina Soledad- nome, pelo qual me chamo- repetiu a mulher que escolhera seu próprio nome.”
Shirley Paixão
Essa aqui também é uma história com gatilho de violência sexual. Shierley narra como tentou matar seu companheiro de anos ao descobrir que ele abusava de uma de suas enteadas. Uma história muito dura de acompanhar a narrativa.
Adelha Santana Limoeiro
Uma senhora que narra os últimos dias do companheiro que abandonou os prazeres que ela podia oferecer. Ele amargurava-se de seu envelhecimento buscando em mais jovens o prazer. Esse conto questiona muito a masculinidade falocêntrica: é um homem apenas o seu membro?
Maria do Rosário Imaculada dos Santos
“De Imaculada não tenho – começou a assim a conversa de Maria do Rosário comigo-, mas não me sinto a primeira nem a última das pecadoras, mesmo porque eu não acredito em pecados – continuou.”
Roubada da família ainda criança para exploração do trabalho doméstico. É uma história sobre as heranças do colonialismo e racismo na sociedade brasileia.
Isaltina Campos Belo
Este conto também contém gatilhos de violência sexual.
A narrativa é sobre a descoberta da sexualidade e objetificação do corpo da mulher negra.
Mary Benedita
Uma artista que enfrentou preconceitos da família para alcançar seus objetivos. Longe de uma história tradicional que lemos de artistas consagrados.
“Experimento muito, principalmente o material de pintura. Crio as minhas próprias tintas de maneira bem artesanal. Aprendi com as mulheres de minha família a extrair sumos de plantas.”
Mirtes Aparecida da Luz
Uma mãe com baixa visão que narra a experiência no nascimento da filha e o abandono do companheiro. Essa mudança deixa várias perguntas no porquê dessa escolha.
“Tenho, no meu corpo, a minha completude que é diferente da sua. Um corpo não é só os olhos.”
Líbia Moirã
Marcada por um pesadelo de infância, ela narra como este pesadelo a assombrou durante a vida adulta.
Lia Gabriel
Gatilho de violência doméstica.
Lia tem 3 filhos: um menino e duas meninas. O menino desde pequeno foi diagnosticado com esquizofrenia. Ao longo do conto acompanhamos os múltiplos tratamentos que essa mãe buscou até descobrir os traumas que o filho tinha.
Rose Dusreis
Uma bailarina que narra seus desafios, especialmente o racismo, para alcançar sucesso.
“Ternamente, Atília Bessa posou a mão em minha cabeça e me disse que o meu tipo fícisico não era propício para o balé.”
Saura Benedvides Amarantino
Uma mãe que desconstrói o mito do “instinto materno”. Ela teve três filhos, cada um deles com seus pais e histórias diferentes. Contudo, a mais nova veio num momento ainda de luto. A mãe não conseguiu desenvolver nenhum afeto por ela.
Regina Anástacia
Uma linda história de amor, narrado por uma senhora de 91 anos. Seu amado era de filha rica e branca, ela pobre e negra. Logo, a família não quis o relacionamento dos dois. A decisão de viverem esse amor, faz com que a família Jorge o deserde, mas isso não afeta o amor.
Fonte: https://negrasescrituras.com/insubmissas-lagrimas-de-mulheres-conceicao-evaristo/
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