FILÓSOFOS, SOCIÓLOGOS, ANALISTAS DO DISCURSO NA REDAÇÃO
MICHEL FOUCAULT
Foucault também reflete sobre o sistema penal e a filosofia do poder, que aparecem amalgamados em Vigiar e Punir: História da Violência nas Prisões. O objetivo do livro era pensar toda a “tecnologia do poder”, que teria surgido no século XVIII. Para o filósofo, o domínio no qual se exerce o poder não é a lei, mas, sim, a norma, que produz condutas, gestos e o próprio indivíduo moderno.
Para regular a vida dos indivíduos existe o “poder disciplinar”, empregado em hospitais, escolas, fábricas e prisões. Para explicar essa nova forma de disciplina e vigilância, Foucault cita o clássico exemplo do Panóptico (literalmente, “vê-se tudo”) para prisões.
A aplicação de Michel Pêcheux na Redação do Vestibular
Acredito que muitos alunos nunca ouviram falar deste grande estudioso do discurso e muito menos aplicar sua teoria à redação. Como professora de redação, costumo pensar que antes de tudo, considero-me uma analista do discurso, desse modo, minhas aulas de produção textual tornam-se mais ricas, pois há dizeres que mesmo negados, já foram ditos por outros, em uma reprodução.
A teoria do assujeitamento de Michel Pêcheux, é extremamente rica e possível de ser utilizada em um grande número de temáticas. Outrossim, por experiência própria em correções, percebo que o repertório sociocultural ainda é uma das grandes dificuldades do aluno.
Vejamos, então, um pouco dessa teoria.
Primeiro, a de se pensar no homem não como um ser físico, mas um ser abstrato que carrega ideologias, como uma reprodução. Olhem o que eu disse em um de meus trabalhos sobre isso:
"Todo discurso que produzimos foram provenientes de discursos-outros, de condições de produção anteriores, assim, eu-sujeito de minha história, de minha ideologia, diante de meu lugar social, pertenço não ao meu dizer, mas àquilo que já foi proferido, aos já-ditos, aos pré-construídos, discursos transversos. Quando o sujeito aponta para outros discursos, há uma sustentação do sentido, já que o completa em significação."
Veja da seguinte forma, quando digo que "fulana tem um cabelo ruim", reproduzo um discurso proferido desde o modo de produção escravista em que tudo que era oriundo das características do negro era ruim, entendeu?
Assim, quando há uma temática que fala sobre "favelas, como sendo o quintal da zona urbana", muitos poderiam atrelar essa localidade à criminalidade. Conforme falo para meus alunos, o próprio surgimento das favelas e o contexto socio-histórico de sua origem, fazem com que reproduzamos um pré-conceito sobre as favelas. Estas surgiram depois da Lei Áurea em que muitos escravos e imigrantes europeus não tinham condições financeiras para morarem na zona urbana do Rio de Janeiro, e suas condições sociais os "empurraram" para os morros onde ergueram suas barracas e assim foram surgindo as favelas.
Perceba, desde essa época, reproduzimos uma ideologia de que as favelas são locais de gente ruim, criminalidade e não percebemos que, muitos de nós apenas reproduzimos esse preconceito, às vezes sem nem mesmo percebermos. Isso é o "assujeitamento" a que Pêcheux se refere.
É o que digo abaixo:
"sujeito proferindo seus discursos como se tudo o que falasse fosse da sua própria vontade e não da implicação de uma ideologia agindo sobre o seu dizer."
Zygmunt Bauman
A FILOSOFIA DE BAUMAN
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman utilizou o conceito de “Modernidade Líquida” (ou “Pós-Modernidade”) como forma de explicar como se processam as relações sociais na atualidade. Para Bauman, a modernidade “sólida”, forjada entre os séculos XIV e XV e cujo apogeu se deu nos séculos XIX e XX, teve como traço básico a ideia de que o homem seria capaz de criar um novo futuro para a sociedade, que cresceria em paralelo a uma vida enraizada em instituições fortes e presentes, como o Estado e a família. A confiança no homem e em sua capacidade de moldar o próprio futuro seria o principal traço desse período.
Segundo Bauman, a partir das últimas décadas, sobretudo após a queda do Muro de Berlim, em 1989, essa modernidade “sólida” estaria em desintegração e seria gradualmente substituída por uma modernidade “líquida”. A palavra liquidez remete à fluidez, ausência de forma definida, velocidade, mobilidade e inconsistência. Esses seriam, para ele, justamente, os traços essenciais das relações sociais na atualidade.
A antiga confiança “sólida” num futuro perfeitamente arquitetado pela razão foi substituída pela incerteza. O futuro tornou-se nebuloso e indefinido. As “distopias” ou as “utopias negativas” ganham força – sabe-se apontar problemas e dificuldades no mundo, mas poucos sabem oferecer alternativas consistentes a esses problemas e dificuldades. Como disse Leo Strauss, “a liberdade sem precedentes também foi acompanhada pela impotência sem precedentes. Criticamos o mundo, nunca estamos satisfeitos, mas raramente sabemos o que fazer com nossas críticas”. O sistema capitalista aparece para esses homens pós-modernos como a única realidade possível, posto que eles duvidam que o ser humano possa criar uma realidade diferente.
Incertos quanto ao futuro das sociedades, os homens pós-modernos têm fixado suas esperanças e expectativas no presente, no instante e no indivíduo; por todos os lados, os anúncios publicitários e as revistas conclamam as pessoas a “aproveitar o agora”, “pensar em si mesmas”. O ser humano pós-moderno substitui os projetos para o futuro pelo prazer instantâneo, a produção pela especulação, o conteúdo pela performance, a experiência pela flexibilidade e os sonhos pelas ambições.
Além disso, a sociedade líquida, pouco apegada aos seus antecedentes, é obcecada pela novidade: a nova notícia, a nova promoção, o novo carro, a nova rede social. Os laços que uniam os homens ao passado são cortados, e vive-se numa espécie de “eterno presente”. Os produtos se renovam diariamente, e os empresários não temem anunciar que os próprios objetos produzidos já estão “atrasados”. Da mesma forma, os trabalhadores do século XXI vivem numa constante liquidez, numa permanente incerteza e medo de ser “descartados”, posto que a mobilidade e a flexibilidade das empresas são tamanha que, a qualquer momento, cortes inesperados e mudanças de planos podem acontecer. A solidez das convicções, assim, foi substituída pela liquidez do instante. Nos laços amorosos, observa-se a mesma tendência: relacionamentos fluidos, inconstantes e momentâneos caracterizam nossa época, que consagrou o conceito de “ficar”, expressão da liquidez do amor.
Entender Sartre para a Redação Vestibular
A FILOSOFIA DE SARTRE
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