CLASSES GRAMATICAIS V – MORFOLOGIA VERBAL (TEMPOS E MODOS)

 

VERBO

Veja o texto abaixo, fragmento da canção All Star, de Nando Reis:

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você

O sal viria doce para os novos lábios

Colombo procurou as índias, mas a terra avistou em você

O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário

Estranho é gostar tanto do seu all star azul

Estranho é pensar que o bairro das laranjeiras

Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador

Aperto o 12 que é o seu andar não vejo a hora de te reencontrar

E continuar aquela conversa

Que não terminamos ontem ficou pra hoje

Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu

Seu all star azul combina com o meu preto de cano alto

Se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho seu endereço

O tom que eu canto as minhas músicas para a tua voz parece exato

No texto, as palavras apaixonasse, procurou, avistou, ouço, dentre outras, expressam ações do eu lírico. Essas palavras são verbos. Além de ações, os verbos também podem expressar estado, condição — Sua paixão era estranha ou fenômeno Choveu quando o encontrei.

Assim definimos o verbo como a palavra variável em tempo e modo que exprime basicamente o que se passa, isto é, é o acontecimento representado no tempo (ação, estado ou fenômeno). Sintaticamente o verbo não possui um papel exclusivo, mas possui função obrigatória de predicado, mesmo que não seja seu núcleo.

ESTRUTURA VERBAL

As formas conjugadas nem sempre apresentam todos os morfemas da estrutura, porém eles sempre serão organizados nesta ordem, de forma que mesmo a ausência de um desses elementos já seja indicativa de alguma noção à forma verbal.

Uma particularidade consiste na classificação de uma forma verbal por conta de sua acentuação tônica. Quando esse acento recai sobre o radical há uma forma rizotônica; quando recai na vogal temática ou nas desinências temos uma forma arrizotônica.

MODO VERBAL

O verbo possui diferentes maneiras de expressar a ação ou estado do sujeito. Em português, a forma assumida pelo verbo para exprimir um acontecimento é chamada de modo. São três os modos verbais portugueses: indicativosubjuntivo e imperativo.

O indicativo expressa maior concretude em relação ao que se enuncia; o subjuntivo expressa possibilidade ou desejo, incerteza sobre o que se enuncia. Nesse caso, há uma espécie de envolvimento subjetivo do enunciador em relação ao enunciado. É também importante perceber que o subjuntivo é um tempo que aparece normalmente relacionado a outros verbos, estabelecendo relações sintáticas de subordinação ou paralelísticas. Por fim, o imperativo expressa uma ordem, advertência ou pedido. Assim, os verbos nesse modo sempre apresentarão uma interlocução, isto é, um receptor direto a quem se enuncia algo.

Existem, fora do conjunto dos modos, as chamadas FORMAS NOMINAIS, que são formas do verbo que podem exercer funções de nome (substantivo, adjetivo ou advérbio). Em português, são três essas formas:

 Infinitivo – divide-se em pessoal ou impessoal

– Impessoal – exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido.

– Pessoal – é a forma infinita relacionada às três pessoas do discurso.

• Gerúndio – expressa uma ação em curso.

• Particípio passado – quando não é empregado na formação de tempos compostos, indica geralmente o resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Quando exprime somente estado, sem relação temporal, assume a função de adjetivo.

TEMPO VERBAL

O tempo verbal indica o momento da ocorrência do acontecimento. No geral, divide-se em três períodos: o pretérito, o presente e o futuro. Porém, ao combinar-se com os modos, apresenta diversos aspectos que diferenciam sua enunciação.

TEMPOS DO MODO INDICATIVO

Os tempos do modo indicativo apresentam uma maior concretude, ou seja, manifestam uma ação com uma possibilidade efetiva de realização, seja no passado, presente ou futuro. Além disso, divide-se em seis tempos verbais.

• Presente: a ação ocorre no momento em que se fala.

Ponho a vela no castiçal, risco o fósforo e acendo-a.

O presente do indicativo tem vários usos. Como para expressar ações válidas a qualquer tempo, em um sentido “atemporal”, enunciando um conceito ou um postulado que se toma como verdadeiro independentemente do tempo de sua ocorrência.

A água ferve a 100 graus Celsius.

A Terra é azul. 

Neste mesmo sentido, o presente pode indicar uma ação habitual ou contínua, válida para o momento da enunciação:

Eu jogo futebol às quartas-feiras.

Almoço sempre neste restaurante.

Outra possibilidade é a indicação de uma ação pontual simultânea à emissão do discurso:

Estudo neste momento.

Ações pontuais às quais quer se dar caráter de certeza e que ocorrerão em um futuro breve podem ser expressas pelo presente do indicativo:

Amanhã viajo para o Japão.

O presente do indicativo pode ser empregado na expressão de ações passadas, principalmente quando o discurso ocorre em forma narrativa. A essa atualização do discurso chamamos de presente histórico:

Em sete de setembro de 1822, D. Pedro I proclamou a independência.

• Pretérito perfeito: a ação ocorre no momento anterior ao atual e apresenta-se concluída no momento em que é enunciada:

Cheguei cedo à escola.

O pretérito perfeito é o tempo principal nas narrativas, especialmente porque enuncia as ações que foram realizadas
pelos personagens ou que neles impactem.

OBSERVAÇÃO

O pretérito perfeito apresenta uma forma composta, formada pelo presente dos auxiliares ter ou haver seguido do particípio passado do verbo principal. Essa forma indica um acontecimento que se repetiu sucessivamente no passado, prolongando-se até o presente.

Eu tenho escrito muitos artigos.

 Pretérito imperfeito: expressa um fato ocorrido no momento anterior ao atual, mas que não foi totalmente concluído no momento em que foi expresso.

Todos estavam aguardando o final da palestra, mas o homem não parava de discursar.

Ações habituais que se repetem no passado de forma contínua ou periódica também podem ser expressas por este tempo verbal:

Chegava cedo à escola todos os dias.

Nas narrativas, o pretérito imperfeito é usado para a construção dos cenários em que as ações serão apresentadas:

Era noite, chovia muito. As ruas estavam desertas e havia um silêncio ensurdecedor.

• Pretérito mais-que-perfeito: exprime um acontecimento completamente concluído, mas que ocorreu antes de outro igualmente passado.

Quando eu cheguei, ela já fizera o café.

É comum que o pretérito mais-que-perfeito também seja utilizado para expressar desejo e, assim, funcionando como um elemento condicional a outra ação.

Quem me dera ser rico!

Ações ocorridas em um passado impreciso podem ser expressas pelo pretérito mais-que-perfeito, em um chamado passado vago:

Fora bela na juventude.

OBSERVAÇÃO

O pretérito mais-que-perfeito pode ser permutado com a sua correspondente forma composta sem prejuízo ao sentido, formada pelo pretérito imperfeito dos auxiliares ter ou haver seguido do particípio passado do verbo principal.

Quando eu cheguei, ela já fizera o café. = Quando eu cheguei, ela já tinha feito o café.

• Futuro do presente: enuncia um acontecimento que deve ocorrer posteriormente ao momento atual.

OBSERVAÇÃO

O futuro do presente apresenta uma forma composta, formada pelo futuro do presente dos auxiliares ter ou haver seguido do particípio passado do verbo principal. Essa forma se refere a um acontecimento posterior, mas que estará concluído antes de outra ação também enunciada no futuro.

Ela terá feito muitas amizades em suas viagens.

Coloquialmente, a mesma significação do tempo futuro é obtida com a locução formada pelo verbo ir no presente do indicativo seguido pelo infinitivo do verbo principal.

Nós vamos conseguir a vitória! = Nós conseguiremos a vitória!

• Futuro do pretérito: enuncia um acontecimento que ocorreria em um momento pretérito tomando como referência um momento futuro. Assim, indica uma ação que, apesar de imaginada no passado, acaba por não se realizar no momento presente (o que seria, em relação ao instante passado, o futuro).

Ele faria o conserto, mas a peça encomendada não foi entregue.

Outra possibilidade é a enunciação de um acontecimento condicionado a uma ação (normalmente enunciada no subjuntivo) referencial anterior.

Se tivéssemos revisado o carro, estaríamos em casa daqui a pouco.

Ações passadas, mas posteriores a outra ação referencial podem ser também expressas pelo futuro do pretérito.

Quando criança, achava que um dia seria astronauta.

Por fim, o tempo também é usado para pedidos com maior polidez:

Bom dia, eu gostaria de três pãezinhos, por favor.

OBSERVAÇÃO

O futuro do pretérito apresenta uma forma composta, formada pelo futuro do pretérito dos auxiliares ter ou haver seguido do particípio passado do verbo principal. Além do sentido semelhante àquele da forma simples, pode indicar certa incerteza e subjetividade ao enunciado.

Eu teria lhe dado meu coração naquela época.

TEMPOS DO MODO SUBJUNTIVO

Os tempos do subjuntivo enunciam acontecimentos que são relacionados a outros com os quais mantêm algum tipo de relação semântica paralelística ou de subordinação.

• Presente: enuncia um acontecimento que pode ocorrer no momento atual ou em um momento imediatamente futuro, com o qual o enunciador mantém alguma relação subjetiva de desejo ou dúvida.

Tomara que chova logo em nossos reservatórios de água!

• Pretérito imperfeito: refere-se à possibilidade de acontecimento ter ocorrido no passado, uma condição, hipótese ou desejo de realização.

Não estaria com fome, se eu tivesse almoçado na hora correta.

Caso alguém me desse atenção, as coisas não teriam saído erradas.

• Futuro do presente: enuncia a eventualidade de um acontecimento que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Indica um desejo com maior comprometimento, com um grau maior de confiança em que irá, de fato, acontecer.

Quando o carteiro chegar, receba a encomenda por mim.

Se o sindicato mantiver a greve, os patrões serão obrigados a negociar o aumento de salários.

OBSERVAÇÃO

Os tempos do subjuntivo apresentam formas compostas para alguns tempos, ainda que esses tempos não existam em sua forma simples:

 Pretérito perfeito composto: formado pelo presente do subjuntivo dos verbos ter ou haver seguido do particípio passado do verbo principal:

Embora tenha se esforçado muito, o atleta não se qualificou para as finais.

 Pretérito mais-que-perfeito composto: formado pelo pretérito imperfeito do subjuntivo dos verbos ter ou haver seguido do particípio passado do verbo principal:

Embora a seleção já tivesse começado, alguns candidatos conseguiram entrar na sala do exame.

• Futuro do presente composto: formado pelo futuro do presente do subjuntivo dos verbos ter ou haver seguido do particípio passado do verbo principal:

Quando ele tiver terminado a lição, poderá voltar a brincar com os amigos.

Fonte: ProEnem.

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