OBRA "DOM CASMURRO" NA REDAÇÃO
O ciúme
Isso é fato: o tema central de Dom Casmurro não é o adultério – Capitu traiu ou não traiu Bentinho? -, mas, sim, o ciúme de Bentinho pela esposa, motivo que o levou à obsessão, à certeza de que é um marido traído.
O “ciume” não é tema novo: filósofos, psicólogos e demais estudiosos sempre se debruçaram sobre o tema, que, sem dúvida, é uma questão levantada na obra machadiana.
A vocação – ou a falta dela – ao celibato clerical
O celibato de padres e freiras, bem como de todos aqueles que fazem voto de castidade perante Deus e a Igreja, não é dogma; é apenas uma norma disciplinar da Igreja. A ordenação de padres casados já divide, atualmente, a opinião da Igreja.
Esse polêmica é, sem dúvida, sugerida na obra Dom Casmurro: afinal, Bentinho, que, em obediência à mãe, deveria formar-se sacerdote, tinha o coração voltado às paixões terrenas e…
A questão dos idosos
Em Dom Casmurro, temos “a casa dos três viúvos”: Tio Cosme, Prima Justina e Dona Glória passam a morar juntos, após a viuvez. Machado, ainda que dentro de um ambiente ficcional, falou da velhice e da necessidade de os idosos serem adequadamente assistidos. De bom lembrar que ele próprio, Bentinho, à época do registro de suas memórias, já era velho e “casmurro”.
Em tempos em que se fala do descumprimento dos direitos assegurados aos idosos, a questão levantada por Machado de Assis pode ser lembrada.
A bajulação
Bajular, lisonjear, adular são, mesmo, defeitos de caráter? As ficções literárias trazem, com frequência, exemplos clássicos de bajuladores, entre os quais, José Dias, o falso médico homeopata, agregado da família Santiago.
Machado de Assis deu a José Dias o amor aos superlativos: amaríssimo, crudelíssimo, gravíssimo…
Falar de bajulação, hoje, é falar dos jogos de interesses, das trocas de favores, das omissões e dos embustes que cercam a sociedade. Como sempre, as predições do bruxo do Cosme Velho se confirmam.
O empoderamento feminino
“Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem.” Palavras de Bentinho, narrador protagonista de Dom Casmurro.
Por meio da voz do narrador protagonista, Bentinho, temos que Capitu era mulher de comportamentos atípicos, vez que transgrediam as regras de então. Estudiosos são unânimes em apontar que a amiga, a namorada e a esposa Capitu sempre tomavam atitudes que, segundo os padrões da época, competiam a ele, Bentinho, tomá-las. Sem dúvida, a personagem machadiana seria, hoje, ativista dos movimentos em defesa do “empoderamento feminino”, os quais têm mobilizado multidões, sobretudo, de mulheres, em defesa da equiparação de direitos e deveres entre homens e mulheres.
Os relacionamentos interpessoais contemporâneos
Bauman, importante voz da Filosofia, nos legou estudos sobre a liquidez, ou seja, a efemeridade dos relacionamentos interpessoais contemporâneos. Exemplo disso já podia ser colhido em Dom Casmurro, exatamente na dúvida que perpassa na mente do leitor acerca do relacionamento de Capitu e Escobar – Capitu traiu, de fato, Bentinho?
Outra questão: o próprio narrador, Bentinho, sugere uma amizade mais estreita entre ele e Sancha. Tudo isso não é sintoma de que os relacionamentos, ainda que firmados duradouros, podem tornar-se frágeis, efêmeros, líquidos?
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