PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL
Epidemia alimentar: sobrepeso e obesidade
Ninguém consegue viver sem comer. Isso é óbvio. No entanto, a comida
também pode se transformar num inimigo mortal do ser humano. Ou melhor, isso já
está acontecendo e tomou proporções epidêmicas. Quase 40% da população adulta
do mundo – e cerca de 20% das crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos – já
sofrem de sobrepeso ou de obesidade. O excesso de peso, segundo algumas
estimativas, se tornou a segunda causa de morte no mundo contemporâneo, devido
às complicações que isso acarreta à saúde. Quais podem ser as causas dessa
epidemia? E, mais importante, o que se pode fazer para combatê-la? Tendo em
vista que o sobrepeso e a obesidade já se tornaram um problema de saúde pública
– e não simplesmente uma questão individual –, redija uma dissertação
argumentativa expondo seu ponto de vista sobre o assunto e respondendo ao mesmo
tempo as duas questões acima formuladas. Os textos a seguir fornecem elementos
que podem ajudar sua reflexão.
TEXTO I
PERIGO IMEDIATO
De acordo com o estudo divulgado na revista científica Lancet, a
prevalência de obesidade global em meninas saltou de 0,7% em 1975 para 5,6% em
2016. Em meninos, a alta foi ainda maior: saiu de apenas 0,9% em 1975 para 7,8%
em 2016. Como consequência, 124 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19
anos ao redor do mundo estavam obesos em 2016. No Brasil a tendência é
semelhante. Nas últimas quatro décadas, o índice de obesidade entre meninos
saltou de 0,93% para 12,7%. Entre meninas, o crescimento foi menor, mas ainda
assim elevado: passou de 1,01% em 1975 para 9,37% no ano passado, de acordo com
dados compilados pela rede de cientistas de saúde NCD Risk Factor
Collaboration, utilizados na pesquisa. Segundo a Federação Mundial de
Obesidade, o crescente nível de obesidade entre crianças e adultos coloca a saúde
desse público “em perigo imediato”. Estimativa da organização aponta que, em
2025, 150 mil crianças e jovens no Brasil desenvolverão diabetes tipo 2,
enquanto 1 milhão terão pressão arterial elevada. Outro dado alarmante é o
número de crianças e jovens brasileiros que sofrerão com gordura no fígado -
cerca de 1,4 milhão, segundo a entidade. BBC Brasil, editado.
TEXTO II
MÚLTIPLOS FATORES
O endocrinologista e metabologista Flávio Cadegiani, membro da
Associação Brasileira para Estudos da Obesidade (Abeso) e especialista da The
Obesity Society, ressalta que as políticas públicas de combate à obesidade têm
apresentado resultados conflitantes. “Nos Estados Unidos, a oferta de alimentos
mais saudáveis nas escolas apresentou um desperdício acima de 80%. A oferta de
supermercados ‘saudáveis’ em bairros mais pobres dos EUA, na maior parte das
vezes, não melhorou o comportamento alimentar daquela população. Por outro
lado, no México, a sobretaxação de refrigerantes resultou em uma redução
importante do consumo desse produto”, observa. O problema é que, de acordo com
os especialistas, a obesidade não pode ser atacada em uma só frente, pois
envolve múltiplos fatores — inclusive, genéticos. Luiza Torquato, do Conselho
Federal de Nutricionistas, lembra que, por trás do excesso de peso, há causas
biológicas, ecológicas, econômicas e sociais. “Controlar e reverter a situação
exige atuação conjunta dos diferentes setores do governo e participação
social”, defende. Como parte das soluções, uma equipe de pesquisadores da
Universidade de Liverpool sugere reduzir a quantidade de alimentos das
embalagens, indo na contramão da tendência de agigantar as porções, como
acontece, por exemplo, com refrigerantes e pipocas vendidos em cinemas. Correio
Braziliense
TEXTO III
RELAÇÃO EMOTIVA E QUÍMICA Além dos resultados conflitantes das políticas
públicas de combate à obesidade, existem diversos obstáculos para a
implementação dessas políticas, que incluem o lobby da indústria alimentícia, a
dificuldade de classificação do que é um alimento “apropriado” e saudável, a
resistência da própria população, principalmente com obesidade, que em grande
parte apresenta uma relação emotiva e química com a comida de alta densidade
calórica, a quebra de paradigmas, incluindo a de que trata-se de impedir o
acesso a um direito universal (o alimento), entre muitos outros. O caminho para
conter a epidemia da obesidade deve ser semelhante aos caminhos tomados contra
o tabagismo, cuja conscientização progressiva dos governos e das populações
foram permitindo condutas cada vez mais rigorosas contra o tabaco (veja, se
logo no início das campanhas antitabagismo, quando a conscientização ainda não
era plena, apresentassem propostas de medidas extremas, como apresentar imagens
degradantes dos efeitos do cigarro nas caixas dos maços, jamais seriam
aceitas). Dr. Flávio Cadegiani, endocrinologista e metabologista.
Fonte: Uol Educação.
Redação corrigida por Uol Educação (valor 1000 pontos)
A epidemia global de sobrepeso e obesidade vem se intensificando na maioria dos países como consequência principalmente, da mudança de hábitos alimentares e comportamentais das últimas décadas, bem como do aumento da disponibilidade de comida rápida, barata e altamente processada.
Com a intensa globalização, os hábitos de vida das pessoas sofreram grandes transformações. Aplicativos de entrega rápida, maior socialização online, trabalho em casa ou mais restrito à cadeira em frente a um computador; todas essas mudanças diminuíram a necessidade de locomoção e, consequentemente, o esforço e gasto calórico, de acordo com pesquisa da London School of Economics (LSE). É visível considerável, ainda, a relação com alteração da qualidade do sono, pois esse vem sendo interrompido por notificações de celular, por exemplo, interferindo na produção de hormônio melatonina, responsável pelo sono reparador. Assim, a pessoa acorda cansada, e com necessidade de consumir alimentos energéticos, contribuindo para a escalada do aumento de peso que é vista em todo o mundo mundial do aumento de peso.
Além disso, a facilidade de acesso e aquisição de comida processada e altamente calórica é um fator determinante para explicar a presente epidemia de obesidade e sobrepeso. Segundo pesquisa do Centro Rudd de Políticas Alimentares e Obesidade da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, um dos fortes indicadores de obesidade em uma região é a presença de pântanos alimentares, que são áreas com alta densidade de estabelecimentos com comida barata e calórica – os “fast foods”. Alia-se à isso o aumento da renda populacional – no Brasil, o poder de compra da classe média cresceu 71% entre 2005 e 2015, segundo pesquisa do Instituto Data Popular – e a necessidade de comidas rápidas rápidas, devido ao menos menor tempo disponível que vem da mudança de hábitos advinda da globalização, de acordo com Cláudio Mottin, diretor do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Todas essas mudanças expõem causas determinantes para o crescimento dos níveis de sobrepeso e obesidade mundiais.
Tal crescimento nos números de obesos e com sobrepeso deve ser combatido com medidas positivas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Governo como um todo, impondo restrições qualitativas e quantitativas às indústrias alimentícias, promovendo reeducação alimentar nas escolas e apoio nutricional completo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, aos poucos, a população vai reaprendendo e se readaptando às suas atuais necessidades alimentares.
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