OBRAS LITERÁRIAS MAIS IMPORTANTES PARA OS VESTIBULARES 2020 E SUA RELAÇÃO COM A REDAÇÃO
1. QUARTO DE DESPEJO
Carolina Maria de Jesus era uma anônima até o lançamento do seu primeiro livro, Quarto de Despejo. Publicado em agosto de 1960, a obra era uma reunião de cerca de 20 diários escritos pela mulher negra, mãe solteira, pouco instruída e moradora da favela do Canindé (em São Paulo). Quarto de Despejo foi um sucesso de vendas e de público porque lançou um olhar original da favela e sobre a favela. Traduzido para treze idiomas, Carolina ganhou o mundo e e foi comentada por grandes nomes da literatura brasileira como Manuel Bandeira, Raquel de Queiroz e Sérgio Milliet. No Brasil, os exemplares de Quarto de Despejo alcançaram uma tiragem de mais de 100 mil livros vendidos em um ano.
Resumo de Quarto de Despejo
O livro de Carolina Maria de Jesus narra de modo fiel o cotidiano passado na favela. Em seu texto, vemos como a autora procura sobreviver como catadora de lixo na metrópole de São Paulo, tentando encontrar naquilo que alguns consideram como sobra o que a mantenha viva. Os relatos foram escritos entre 15 de julho de 1955 e 1 de janeiro de 1960. As entradas no diário são marcadas com dia, mês e ano e narram aspectos da rotina de Carolina. Muitas passagens sublinham, por exemplo, a dificuldade de ser mãe solteira nesse contexto de extrema pobreza. Lemos num trecho presente no dia 15 de julho de 1955:
Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos generos alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
Carolina Maria é mãe de três filhos e dá conta de tudo sozinha. Para conseguir alimentar e criar a família ela se desdobra trabalhando como catadora de papelão, metal, e como lavadeira. Apesar de todo o esforço, muitas vezes sente que não dá conta. Nesse contexto de frustração e extrema pobreza, é importante se sublinhar o papel da religiosidade. Diversas vezes, ao longo do livro, a fé aparece como um fator motivador e impulsionador da protagonista. Há passagens que deixam bem clara a importância da crença para essa mulher lutadora:
Eu estava indisposta, resolvi benzer-me. Abri a boca duas vezes, certifiquei-me que estava com mau olhado.
Carolina encontra na fé força, mas também muitas vezes explicação para situações cotidianas. O caso acima é bastante ilustrativo de como uma dor de cabeça é justificada por algo da ordem do espiritual. Quarto de Despejo explora os meandros da vida dessa trabalhadora mulher e transmite a dura realidade de Carolina, o constante esforço contínuo para manter a família de pé sem passar maiores necessidades:
Saí indisposta, com vontade de deitar. Mas, o pobre não repousa. Não tem o previlegio de gosar descanço. Eu estava nervosa interiormente, ia maldizendo a sorte. Catei dois sacos de papel. Depois retornei, catei uns ferros, uma latas, e lenha.
Por ser a única a prover o sustento da família, Carolina trabalha dia e noite para dar conta da criação dos filhos. Os seus meninos, como ela costuma chamar, passam muito tempo sozinhos em casa e vira e mexe são alvo de críticas da vizinhança que dizem que as crianças "são mal inducadas". Fonte: Cultura Genial.
2.Vidas secas - Graciliano Ramos
“Vidas secas”, de Graciliano Ramos, é um clássico da literatura regionalista dos anos 1930 e pode ser usado para ajudar você a contextualizar alguns temas de redação. Veja, a seguir, como usar a obra literária na redação do ENEM:
MIGRAÇÕES
BIOMAS BRASILEIROS
Em toda a obra de Graciliano Ramos, há uma apresentação detalhada da paisagem nordestina. Em “Vidas secas”, por exemplo, assim como em outras obras do regionalismo modernista da primeira metade do século XX, a paisagem agreste do sertão — evidenciada por mandacarus, juazeiros, chuvas escassas, pelo azul do céu espelhado nos olhos de Fabiano e pelo vermelho da paisagem queimada que se faz notar na barba e no cabelo ruivos — acaba funcionando como um obstáculo para a fixação do homem à terra.
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO TERRITÓRIO NACIONAL
Há um destaque, no livro, para a ausência de chuvas [fenômeno natural responsável pela intensificação do êxodo rural], que permite tanto pensar na falta de ações para a distribuição equitativa de água no território brasileiro, quanto na desertificação do bioma da caatinga, acentuada pela ação do homem e pela falta de políticas de preservação da natureza.
CRISE HÍDRICA
A seca, presente no título da obra e na vida das personagens, pode ser discutida como uma questão tanto antrópica [intensificada pela destruição da natureza, levada a cabo durante os processos de expansão da pecuária extensiva, da urbanização desordenada, bem como da derrubada da vegetação para a produção de lenha e de carvão vegetal. Fonte: Manoel Neves.
Mesmo tendo sido escrito há mais de 100 anos, o livro continua muito atual, evidenciando pautas que ainda estão presentes no Brasil:
- segregação nas cidades e ocupação urbana desordenada: o livro se passa em um cortiço, local insalubre onde vivem pessoas desprestigiadas socialmente. Elas moram nesse local em função da mudança de dinâmica dos lugares em que estavam antes: é a chamada gentrificação:
“(…) a chegada de moradores de alta renda atrai investimentos ao bairro, que elevam os valores dos aluguéis. Isso deixa os preços inviáveis para a população de menor poder aquisitivo que ali vivia. Logo, ela tem de se mudar para locais mais afastados.”
- problemas ambientais urbanos e impactos na saúde: os moradores do cortiço tinham de conviver com a falta de saneamento básico, que ocasionava focos de doenças, sendo propícia a animais vetores de enfermidades.
- imigração: no livro, são mostrados personagens imigrantes, vindos de Portugal. Um deles, Jerônimo, acaba sendo bastante modificado pelo contexto em que está inserido: o português altera radicalmente seus hábitos e costumes ao longo do tempo no cortiço.
- pedofilia: em determinada parte do livro, a personagem Pombinha, que era menor de idade, foi abusada pela prostituta Léonie, que forçou um princípio de relação sexual com ela. Isso é escrito de modo explícito, não proporcionando outras interpretações: o consenso não aconteceu.
- exploração do trabalhador: o personagem João Romão é a representação do capitalista que quer enriquecer por qualquer meio; desde a exploração de seus subordinados (como a antiga escrava Bertoleza, que trabalhava intensamente), até o roubo de material de construção e dinheiro, por exemplo. Fonte: Imaginie.
Machado de Assis, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, demonstra a dificuldade de inclusão social das pessoas com deficiência, na qual a personagem Eugênia é rejeitada pelo protagonista por ser ''coxa''. Nesse tocante, no Brasil do século XXl, a falta de acessibilidade aos deficientes em boa parte do país emerge como um grave impasse social. Tal situação ocorre, primordialmente, devido à ausência de uma ação mais efetiva do Estado, devido também ao preconceito enraizado em parte da população. Fonte: Imaginie.
Resumo do enredo
Memórias Póstumas é uma narrativa confusa e sem linearidade. O personagem principal, como sugere o título, resolve, depois de morto, contar a história da sua vida através de uma seleção dos episódios mais relevantes, desde o seu nascimento até a sua morte. Essa narrativa não segue, porém, nenhuma sequência cronológica. Ele inicia pelo seu delírio e morte, depois conta o seu nascimento e vai alternando, sem qualquer critério lógico, episódios de diversas fases da sua vida, sempre com uma alta dose de humor e visão pessimista.
Brás Cubas nasceu em uma família rica e proprietária, o que lhe possibilitou nunca precisar “comprar o pão com o suor do seu rosto”. Na infância, foi um menino endiabrado. Protegido pela conivência paternal, maltratava os escravos, aprontava com as visitas e desrespeitava os adultos.
Na adolescência, envolveu-se com uma prostituta que o explorou por vários meses, mas que ele, em sua narrativa, resume na famosa frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”
Foi mandado pelo pai à Europa para estudar e esquecer Marcela. Nunca levou os estudos a sério. De volta ao Brasil, conheceu Eugênia, moça bonita e romântica, filha de uma amiga da sua mãe. Brás Cubas lembra de que, quando criança, flagrara, durante uma festa na casa do pai, a mãe de Eugênia beijando um homem casado atrás de uma moita. Como Eugênia não tinha pai declarado, dá-lhe o apelido irônico de “flor-da-moita”. Mesmo sabendo que o pai jamais permitiria que ele se casasse com uma moça pobre e filha de mãe solteira, seduz Eugênia e chega a conquistar um beijo dela. Porém, quando descobre que ela é “coxa de nascença” ou seja, possui uma perna mais curta que a outra, foge, apavorado com a ideia de passar pelo ridículo de casar com uma mulher coxa.
O Pai de Brás Cubas tem o sonho de vê-lo exercendo o cargo de ministro. Para isso, arranja-lhe como noiva Virgília, filha de um figurão da sociedade que facilitará a carreira política do genro. Brás Cubas mostra-se, no entanto, tão apático e incompetente, que acaba perdendo “a noiva e o cargo” para Lobo Neves, um homem arrojado que ele próprio compara com uma águia.
Algum tempo depois, Brás Cubas reencontra Virgília, já casada com Lobo Neves. Desse encontro nasce uma paixão e os dois viram amantes. Virgília é uma mulher ambiciosa e não pretende abrir mão do prestígio social que seu marido lhe proporciona. Assim, durante anos, eles vivem um amor adúltero que só acaba quando Lobo Neves é nomeado governador de uma província e Virgília muda-se para longe do Rio de Janeiro.
Brás Cubas vai envelhecendo solitário e sem ter feito nada de relevante na vida. Com a ajuda da irmã, ainda faz uma última tentativa de casar-se e ter filhos. Fica noivo de Eulália, moça pobre e sobrinha do cunhado Cotrim. A moça, porém, adoece e morre antes do casamento.
Assim, Brás Cubas chega ao final da vida sem ter constituído uma família, sem filhos que dessem prosseguimento ao seu nome e sem ter produzido absolutamente nada que fizesse as pessoas lembrarem dele após a morte. No último capítulo, ironiza seus fracassos afirmando que a vida é mesmo uma miséria e não vale a pena perpetuá-la através dos filhos. Fonte: Geekie.
“É preciso controle para viver em sociedade?”, baseado no livro 1984, de George Orwell, o cenário de distanciamento em que a humanidade se encontra inserida entro na discussão sobre controle social. Tendo em vista os perigos da contaminação em massa, notou-se que se faz necessário um controle formal por parte das autoridades no sentido de preservação da vida. A pandemia também traz à tona a questão sobre direitos individuais e coletividade. Reflete-se sobre até que ponto o direito de ir e vir de cada indivíduo legitima a possibilidade de contaminação de outras pessoas.
O uso de tecnologia para controle social, entre outros aspectos, indicaram a atemporalidade da obra de Orwell, que mostra o aparato tecnológico como um instrumento utilizado pelo estado autoritário, retratado na trama, para controlar a população.
Há alguns paradoxos que envolvem o tema, como, por exemplo, o fato das grandes cidades usarem o controle, por câmeras espalhadas pelas ruas, parques e prédios públicos, para garantirem a liberdade de ir e vir, protegendo os transeuntes de assaltos e outra formas de violência.
Outro ponto abordado foi a diferença entre Estado e governo. O primeiro compreende o conjunto de instituições que devem garantir o bem estar-social. Já o segundo, é mutável e seu papel é garantir que essas instituições atinjam a todos, o que nem sempre ocorre. Exercer uma vigilância sobre a população muitas vezes garante a soberania do governo.
Como todas as coisas, o controle tem lados positivos e negativos. Ele pode diminuir a incidência de crimes e garantir um mínimo de ordem social. Em contrapartida, pode impor um discurso autoritário e repressivo.
Algumas passagens do livro ilustram um contexto do controle excessivo sendo utilizado como forma de confundir, a partir da dicotomia liberdade e segurança, de modo que a história se reescreve o tempo todo e já não é mais possível se saber quem é o inimigo e contra o que, exatamente, estão lutando. O papel dos meio de comunicação como fonte de informação e construção de conhecimentos, dentro do contexto da obra. Fonte: Ipanema.
8. "O Sol é para Todos"HARPER LEE
“O sol é para todos” de Harper Lee, um dos livros mais marcantes do século XX, apresenta a trajetória personagem Tom Robinson que, vivendo em uma sociedade completamente racista, é condenado por um crime que não cometeu. Mesmo no século XI, no Brasil, situações semelhantes são frequentemente noticiadas, tornando a luta dos negros por igualdade algo constante. Fonte Imaginie.
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