APLICAÇÃO DAS OBRAS LITERÁRIAS PAES 2024 NA REDAÇÃO (temáticas envolvidas)
Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles
O título já te conta muito: o cenário central é o movimento da
Inconfidência Mineira. Neste cenário, há a descrição da febre do ouro e de todo
o progresso que isso traz a Minas, mas a exploração excessiva por conta do
mesmo ouro gera sérios agravantes a essa terra.
Romanceiro da Inconfidência, que teve sua
publicação em 1953, conta a história de Minas desde sua colonização até a já
citada Inconfidência, com muitas passagens doces e outras angustiantes. Temas
de redação sobre exploração territorial e ambição desmedida poderão utilizar a
obra tranquilamente. Além disso, você poderá saber mais sobre esse processo
histórico por meio dos olhos de uma das mais incríveis escritoras de nossa
literatura sobre a leitura obrigatória do PAES 2024.
Casa de Pensão, de
Aluísio Azevedo
Como em O Cortiço, Aluísio de Azevedo se torna
excepcionalmente rico na criação de personagens coletivos: a casa de pensão,
tão comum ainda hoje, no Brasil inteiro, tem vida, uma vida estudante, nas
páginas do romance. Aluísio conhecia, de experiência própria, esse ambiente feito
de tantos quartos e tantos inquilinos, tão numerosos e tão diferentes,
nivelados pela mediocridade e em fácil decadência moral. O autor faz alguns
retratos com evidentes traços caricaturais (a sua velha mania ou vocação para a
caricatura...), mas fiéis e verdadeiros. Tudo se movimenta diante do leitor: a
casa de pensão é um mundo diferente, gente e coisas tomam aspectos novos, as
pessoas adquirem outros hábitos, informadas ou deformadas por essa vida
comunitária tão promíscua. Aí se encontram e se desencontram, se amontoam e se
separam tantos indivíduos transformados em tipos, conhecidos, às vezes, apenas
pelo número do quarto. Em O Cortiço o meio social é mais baixo; na Casa de
Pensão é médio. Às doenças morais (promiscuidades, hipocrisia, desonestidades,
sensualismos excitados e excitantes, ódios, baixos interesses, dinheiro...) se
misturam também doenças físicas (o tuberculoso do quarto 7 que morre na casa de
pensão, a loucura e histerismo de Nini...). Foi o que encontrou Amâncio na Casa
de Pensão de Mme. Brizard. Fora para o Rio de Janeiro, para estudar. E, num
ambiente como esse, quem seria capaz de estudar? É verdade que o rapaz já
trazia a sua mentalidade burguesa do tempo: o que ele buscava não era uma profissão,
mas apenas um diploma e um título de doutor. Ele, sendo rico, não precisaria da
profissão, mas, por vaidade, de um status, de um anel no dedo e de um diploma
na parede. Essa mania de doutor, doença que pegou no Brasil, já foi
magistralmente caricaturada em deliciosa carta de Eça de Queirós ao nosso
Eduardo Prado: "A nação inteira se doutorou. Do norte ao sul do Brasil,
não há, não encontrei senão doutores! Doutores com toda a sorte de insígnias,
em toda a sorte de funções!! Doutores com uma espada, comandando soldados;
doutores com uma carteira, fundando bancos: doutores com uma sonda,
capitaneando navios; doutores com uma apito, comandando a polícia; doutores com
uma lira, soltando carnes; doutores com um prumo, construindo edifícios;
doutores com balanças, ministrando drogas; doutores sem coisa alguma,
governando o Estado! Todos doutores..." O próprio Aluísio de Azevedo
abandonou a Província para buscar sucessos na Corte (Rio de Janeiro) e,
certamente também, um título de doutor...
Manuelzão e
Miguilim, de Guimarães Rosa
Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa, é um volume
composto por duas novelas: "Campo Geral" e "Uma Estória de
Amor"."Campo Geral" é o relato lírico da infância do menino
Miguilim, narrado em terceira pessoa, sob a perspectiva de Miguilim, menino
inteligente e sensível que mora com a família na mata do Mutum (MG). A
narrativa é organizada segundo a vivência e as experiências desse jovenzinho
que está constantemente observando as pessoas e as coisas situadas em seu
universo sertanejo. Diversas personagens vão sendo apresentadas ao leitor: a
mãe; o pai suicida; o padrasto e tio Terêz; os irmãos, principalmente o Dito,
que morre prematuramente de tétano; a avó ranzinza Izidra; entre outros. O
leitor vai desvendando a cada passo o mundo afetivo de Miguilim, transbordado
de alegrias e de tristezas, misturando-se nele as reflexões e os
deslumbramentos. Guimarães Rosa capta o universo infantil, culminando com o
deslumbramento dessa criança ao ver o mundo, quando um doutor lhe descobre a
miopia. A segunda novela presente no volume é "Uma Estória de Amor",
narrativa que revela o outro lado da vida, a velhice, retratada pela vertente
de um vaqueiro que nunca havia se fixado, nem alcançara a estabilidade
doméstica, senão no final da vida, já velho. Aos sessenta anos recompõe a
família, construindo uma casa e, como promessa à mãe, uma pequena capela na
fazenda da era administrador. Manuelzão prepara uma festa para a consagração. A
novela registra os preparativos, a chegada dos sertanejos das mais diferentes
regiões, a chegada do padre e a própria festa. Toda a história é narrada às
vésperas da partida de uma boiada, instrumento de trabalho e da vida do
protagonista e que serve de ligação entre o presente e a tessitura das
recordações de um passado vivido com o eterno equilíbrio da graça e da
desgraça. As duas novelas completam-se, mostram a infância e a velhice, cujos
protagonistas fazem da descoberta e da recordação os pontos altos da matéria
literária. Obra Manuelzão e Miguilim (Corpo de baile) — violência, marginalização
social, visão infantil do mundo, relações familiares, insatisfação feminina,
desvios de conduta, desumanização, memória e experiências de vida,
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