Uso de obras literárias na Redação

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Uso de obras literárias na Redação
O uso de obras literárias na redação é de extrema importância para a argumentação. O processo de contextualização aprofunda e facilita a escrita. 
O que o candidato deve fazer é comparar alguma característica da obra à temática do Enem. Abaixo, algumas obras que podem ajudar na redação.
Vidas Secas, de Graciliano Ramos
O livro possui 13 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos em qualquer ordem. Porém, o primeiro, "Mudança", e o último, "Fuga", devem ser lidos nessa sequência, pois apresentam uma ligação que fecha um ciclo. "Mudança" narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto que em "Fuga" os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. Assim, pode-se dizer que a miséria em que as personagens vivem em Vidas Secas representa um ciclo. Quando menos se espera, a situação se agrada e a família é obrigada a se mudar novamente.


Fabiano é um homem rude, típico vaqueiro do sertão nordestino. Sem ter frequentado a escola, não é um homem com o dom das palavras, e chega a ver a si próprio como um animal às vezes. Empregado em uma fazenda, pensa na brutalidade com que seu patrão o trata. Fabiano admira o dom que algumas pessoas possuem com a palavra, mas assim como as palavras e as ideias o seduziam, também cansavam-no.
Sem conseguir se comunicar direito com as pessoas, entra em apuros em um bar com um soldado, que o desafiaram para um jogo de apostas. Irritado por perder o jogo, o soldado provoca Fabiano o insultando de todas as formas. O pobre vaqueiro aguenta tudo calado, pois não conseguia se defender. Até que por fim acaba insultando a mãe do soldado e indo preso. Na cadeia pensa na família, em como acabou naquela situação e acaba perdendo a cabeça, gritando com todos e pensando na família como um peso a carregar.
Sinha Vitória é a esposa de Fabiano. Mulher cheia de fé e muito trabalhadora. Além de cuidar dos filhos e da casa, ajudava o marido em seu trabalho também. Esperta, sabia fazer contas e sempre avisava ao marido sobre os trapaceiros que tentavam tirar vantagem da falta de conhecimento de Fabiano. Sonhava com um futuro melhor para seus filhos e não se conformava com a miséria em que viviam. Seu sonho era ter uma cama de fita de couro para dormir.
Nesse cenário de miséria e sem se darem muita conta do que acontecia a seu redor, viviam os dois meninos. O mais novo via na figura do pai um exemplo. Já o mais velho queria aprender sobre as palavras. Um dia ouviu a palavra "inferno" de alguém e ficou intrigado com seu significado. Perguntou a Sinhá Vitória o que significava, mas recebeu uma resposta vaga. Vai então perguntar a Fabiano, mas esse o ignora. Volta a questionar sua mãe, mas ela fica brava com a insistência e lhe dá um cascudo. Sem ter ninguém que o entenda e sacie sua dúvida, só consegue buscar consolo na cadela Baleia.
Um dia a chuva chega (o "inverno") e ficam todos em casa ouvindo as histórias de Fabiano. Histórias essas que ele nunca tinha vivido, feitos que ele nunca havia realizado. Em meio a suas histórias inventadas, Fabiano pensava se as coisas iriam melhorar dali então. Para o filho mais novo, as sombras projetadas pela fogueira no escuro deixava o pai com um ar grotesco. Já o mais velho ouvia as histórias de Fabiano com muita desconfiança.
O Natal chegou e a família inteira foi à festa da cidade. Fabiano ficou embriagado e se sentia muito valente, só pensando em se vingar do soldado que lhe colocou atrás das grades. Uma hora, cansado de seu próprio teatro, faz de suas roupas um travesseiro e dorme no chão. Sinha Vitória estava cansada de cuidar do marido embriagado e ter que olhar as crianças também. Em um dado momento, ela toma coragem para fazer o que mais estava com vontade: encontra um cantinho e se abaixa para urinar. Satisfeita, acende uma piteira de barro e fica a sonhar com a cama de fitas de couro e um futuro melhor.
No que talvez seja o momento mais famoso do livro, Fabiano vê o estado em que se encontrava Baleia, com pelos caídos e feridas na boca, e achou que ela pudesse estar doente. O vaqueiro resolve, então, sacrificar a cadela. Sinhá Vitória recolhe os filhos, que protestavam contra o sacrifício do pobre animal, mas não havia outra escolha. O primeiro tiro acerta o traseiro de Baleia e a deixa com as patas inutilizadas. A cadela sentia o fim próximo e chega a querer morder Fabiano. Apesar da raiva que sentia de Fabiano, o via como um companheiro de muito tempo. Em meio ao nevoeiro e da visão de uma espécie de paraíso dos cachorros, onde ela poderia caçar preás à vontade, Baleia morre sentindo dor e arrepios. 
E assim a vida vai passando para essa família sofredora do sertão nordestino. Até que um dia, com o céu extremamente azul e nenhuma nuvem à vista, vendo os animais em estado de miséria, Fabiano decide que a hora de partir novamente havia chegado. Partiram de madrugada largando tudo como haviam encontrado. A cadela Baleia era uma imagem constante nos pensamentos confusos de Fabiano. Sinhá Vitória tentava puxar conversa com o marido durante a caminhada e os dois seguiam fazendo planos para o futuro e pensando se existiria um destino melhor para se
Lista de Personagens
Baleia: cadela que é tratada como membro da família. Pensa, sonha e age como se fosse gente.
Sinhá Vitória: mulher de Fabiano. Mãe de 2 filhos, é batalhadora e inconformada com a miséria em que vivem. É esperta e sabe fazer conta, sempre prevenindo o marido sobre trapaceiros.
Fabiano: vaqueiro rude e sem instrução, não tem a capacidade de se comunicar bem e lamenta viver como um bicho, sem ter frequentado a escola. Ora reconhece-se como um homem e sente orgulho de viver perante às adversidades do nordeste, ora se reconhece como um animal. Sempre a procura de emprego, bebe muito e perde dinheiro no jogo.
Filhos: o mais novo admira a figura do pai vaqueiro, integrado à terra em que vivem. Já o mais velho não tem interesse nessa vida sofrida do sertão e quer descobrir o sentido das palavras, recorrendo mais à mãe. 
Patrão: fazendeiro desonesto que explorava seus empregados, contrata Fabiano para trabalhar.

Título: A Hora da Estrela
Autor: Clarice Lispector
Sinopse: A nordestina Macabéa, a protagonista de A Hora da Estrela, é uma mulher miserável que mal tem consciência de existir. Depois de perder seu único elo com o mundo, uma velha tia, ela viaja para o Rio, onde aluga um quarto, se emprega como datilógrafa e gasta suas horas ouvindo a Rádio Relógio. Apaixona-se, então, por Olímpio de Jesus, um metalúrgico nordestino, que logo a trai com uma colega de trabalho. Desesperada, Macabéa consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro luminoso, bem diferente do que a espera.

– Resenha –

Clarice Lispector e seu jeito todo especial e próprio de escrever neste livro nos leva a refletir sobre um aspecto singular da vida social: o desamparo. O sentimento de abandono, perdição, solidão em meio a um mundo extremamente populoso.
   Neste livro repleto de questões não respondidas e reflexões profundas acerca da vida de cada um e da vida de todos como um só, Clarice fala através de Rodrigo S. M., seu alter ego masculino criado para disfarçar sua sensibilidade feminina, porém sem sucesso.
   Ele inicia se apresentando como o contador dessa história. Em seu começo extremamente metalinguístico, ou seja, o livro falando do próprio livro, ele desfia os motivos que o levaram a explorar o mundo da Nordestina Macabéa. O seu modo de escrever também é uma preocupação contínua, pois pela simplicidade da história a ser contada é exigida grande destreza e precisão nas palavras.
   Acontece que nossa personagem principal é tão insignificante para a sociedade que sua história devia ser contada, e se não por ele, por qualquer outro escritor que se atrevesse a penetrar uma vida tão vazia de significado e sair dela são a ponto de transmitir tudo que viu.
   A história é fluida, não se divide em capítulos, assim como na vida real. E atravessa passado, presente e futuro de um parágrafo a outro, sem cerimônia ou aviso algum.
   Macabéa já nascera miserável em meio ao sertão de Alagoas e logo pequena perde os pais. Vai viver com a tia em Maceió e a beata lhe cria na simplicidade pura, como uma planta que só se lembra de aguar duas vezes ao dia. Já os castigos, esses eram frequentes. Um começo de vida difícil para esta sombra da sociedade, nenhuma perspectiva de futuro, a desajeitada nordestina não tinha ideia nem da própria existência e se desculpava como quem ocupa um espaço indevido nesse mundo.  
   Uma das poucas coisas que lhe agradava era ouvir a Rádio Relógio, e sentava à mesa para ouvir todas as noites, bem baixinho para não acordar as colegas de quarto. Colecionava informações inúteis como se fossem ensinamentos raríssimos que lhe serviriam muito na vida futura. Acreditava em tudo que ouvia como verdades absolutas, mas pouco entendia daquilo que ouvia.
   Um dia Macabéa encontra seu primeiro amor, o metalúrgico Olímpico de Jesus, que lhe trata sem nenhum tato, mas logo ganha seu coração sofrido. Nenhum pingo de ternura, o homem era bruto que só e se achava muito superior à coitada. Acabou por deixá-la pela colega voluptuosa com sangue do sul que lhe pareceu capaz de parir bons filhos.
   Acabou-se a pouca alegria da pobre nordestina. Pouco depois ainda descobre sofrer de tuberculose pulmonar, mas não conta a ninguém. Não há para quem contar, na verdade, pois procura esconder até de si mesma.
   Em última tentativa de compreender a si própria, vai procurar a cartomante indicada pela colega que lhe roubou o namorado. Muito bem acolhida, a cartomante a faz acreditar que finalmente terá um destino e este é bem melhor do que qualquer coisa que poderia esperar. Uma vez na vida experimenta esperança e sai da casinha embriagada de futuro. Futuro este que termina ao atravessar a rua.
   A Hora da Estrela é apenas um poema até o fim de suas páginas. Seu sentido está em dar sentido àquilo que vagueia pelo breu de nossas mentes, lá no fundo, quase inacessível. Este livro lhe entrega centenas de questões, mas nenhuma resposta. Cabe a nós preencher as lacunas. Pois, a final, não devemos esquecer que “por enquanto é tempo de morangos”.
Livro 1984, de George Orwell
O mais famoso romance de George Orwell relata uma história que se passa no "futuro", ano de 1984, na Inglaterra e a transformação da realidade é o tema principal desta obra. Disfarçada de democracia, a Oceania vive um totalitarismo desde que o IngSoc (o Partido) chegou ao poder sob a regência do onipresente Grande Irmão (Big Brother).
O livro conta a história de Winston Smith, membro do partido externo, funcionário do Ministério da Verdade. A função dele era a de reescrever e alterar dados de acordo com o interesse do Partido. Se alguém pensasse diferente, cometia crimidéia (crime de idéia em novilíngua) e fatalmente seria capturado pela Polícia do Pensamento e era vaporizado. Desaparecia.
Smith representa o cidadão comum vigiado pelas teletelas e pelas diretrizes do Partido. Ele e todos os cidadãos sabiam que qualquer atitude suspeita poderia significar o fim. Os vizinhos e os próprios filhos eram incentivados a denunciar à Polícia do Pensamento quem cometesse crimidéia. Algo estava errado e para verbalizar seus sentimentos, atualizava seu diário usando o canto "cego" do apartamento. A primeira frase que escreve é: Abaixo o Big Brother!
A vida de repressão e medo nem sempre fora assim na Oceania. Antes da Terceira Guerra e do Partido chegar ao poder, ele desfrutava uma vida normal com os seus pais.
Ele tinha esperança na prole. Recorda-se dos "Dois minutos de ódio", parte do dia em que todos os membros do partido se reúnem para ver propaganda enaltecendo as conquistas do Grande Irmão e, principalmente, direcionar o ódio contido contra os inimigos. Separou-se de sua esposa devido à sua devoção ao Partido. Ela seguia a determinação de que o sexo deveria ser apenas para procriação de novos cidadãos. O sexo como prazer era crime.
A mentira do Partido era a prova que Winston procurava para si. Havia algo podre na Oceania. Revoltado, escreve no seu diário que liberdade é poder escrever que dois mais dois são quatro. Não era bem-visto que membros do Partido freqüentassem o bairro proletário. Ao voltar ao antiquário, o proprietário tem uma surpresa para o curioso por antiguidades. Ao sair do antiquário, vê uma mulher que simula uma dor para desviar a atenção das teletelas e lhe passa um bilhete escrito: "Eu te amo".
As normas do Partido deixavam claro que membros do Partido, principalmente dos sexos opostos, não deveriam se comunicar a não ser a respeito de trabalho. Júlia confessa-lhe que se "apaixonava" com facilidade e, para continuar seu romance com ela, aluga um quarto do antiquário.
Passou a acreditar que Júlia seria uma ótima companheira de guerra. Por enquanto, era a pessoa com quem podia compartilhar seus sentimentos. Apaixonado, ele recupera peso e saúde. Enquanto isso, o partido organizava a "A Semana do Ódio" e algumas pessoas desapareciam. Certo dia, O'Brien, um membro do Partido Interno, percebe também que Winston era diferente dos outros e convida-o, para despistar as teletelas, a ir ao seu apartamento ver a nova edição do dicionário de novilíngua. Júlia foi com ele. Smith confessa seu desejo de conspirar contra o Partido, pois acreditava na existência da Fraternidade e para tal suas esperanças estavam depositadas em O'Brien. Ele "devora” o livro de Goldstein, enquanto Júlia não demonstra o mesmo interesse. Guardas entram no quarto e Winston vai para uma cela no Ministério do Amor. Até as celas tinham teletelas que vigiavam cada passo dele doente e faminto. O'Brien torna-se o seu torturador.
Torturado e drogado, começa a aceitar o mundo que lhe é imposto e passa ao estágio seguinte de adaptação que consiste em aprender, entender e aceitar. Como Winston tem pavor de roedores, o Quarto 101 é um inferno personalizado e os torturadores colocaram uma máscara em seu rosto com uma abertura para uma gaiola cheia de ratos famintos, separada apenas por uma portinhola. A única forma de escapar era renegar o perigo maior ao Partido, o amor a outra pessoa acima do Grande Irmão. Ao fundo, seu rosto aparece na teletela confessando vários crimes. Ele foi solto e teve sua posição rebaixada para um trabalho ordinário num sub-comitê. Júlia escapa também do Quarto 101. O Partido os separou e os dois só voltaram a se encontrar ocasionalmente. Já não eram mais as mesmas pessoas. Tinham "crescido" e se traído. Winston sorri, já está completamente adaptado ao mundo. Finalmente ele ama o Grande Irmão.


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