O uso de obras literárias na redação do vestibular

O uso de obras literárias reflete uma maior pontuação na competência III a qual reflete mais em indícios de autoria, bem como repertório sociocultural. Além disso, relacionar obras à temática apresenta uma visão melhor do assunto a ser debatido. Selecionei algumas obras que podem ajudar na construção da contextualização.

Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

Em Vidas Secas (1938), Graciliano Ramos deixa claro que as condições naturais desfavoráveis não são as únicas culpadas pela miséria humana. A afirmação é de Fernando Marcílio Lopes Couto, professor de literatura do Sistema Anglo de Ensino.
O livro é muito característico do neorealismo nordestino dos anos 30, diz o professor. A trama gira em torno de uma família que migra de tempos em tempos para fugir da seca. Ela é composta por Fabiano, sua esposa Vitória e seus filhos (cujos nomes não aparecem, são chamados de “Menino mais Velho” e “Menino mais Novo”). “Também tem a cachorra Baleia, que é parte da família”, acrescenta Couto.
São as personagens secundárias, no entanto, que destacam a principal ideia do livro. “A família é vítima da seca, mas seus problemas vêm também da sociedade. O patrão de Fabiano representa a repressão política”, analisa Couto. O soldado amarelo, por sua vez, assume o papel da repressão das instituições, prendendo e batendo em Fabiano. “Não há que se voltar para Deus e culpá-lo pela miséria. A culpa é dos homens, que podem resolvê-la”, completa o professor.
A linguagem usada por Graciliano nesta obra também se destaca. “Foi genial. Criou uma linguagem adequada à seca. Um estilo seco que diz muito com poucas palavras. Ele usa adjetivos de forma muito interessante, chamando atenção para a paisagem. Um estilo bastante direto”, descreve Fernando Couto.
Ele destaca ainda outra peculiaridade de Vidas Secas: “o narrador busca os pensamentos dentro das personagens, porque elas não exteriorizam o que pensam, nem o que sentem”. Assim, conclui Couto, Graciliano apresenta uma reflexão que vai além da questão social: trata dos aspectos psicológicos da opressão social. “A vida é seca, não só o ambiente. A vida é seca a partir de quando o homem também é”. Fonte: Guia do Estudante.

A revolução dos Bichos, George Orwell
downloadVerdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, “A Revolução dos Bichos” é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos
Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A Revolução Dos Bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. Apesar de socialista, George Orwell faz uma reflexão acerca da igualdade entre os homens; que seria impossível, tendo em vista o desejo de todo homem de liderar, de ter vantagem.
Através de uma fábula, de simples compreensão, você desenvolverá o senso crítico em relação ao regime socialista. Isso pode lhe ajudar com citações e alusões dependendo do tema da redação. A Revolução dos Bichos, de George Orwell, apresenta uma série de metáforas que remetem ao período histórico em que a obra foi escrita. Além de remeter ao egoísmo, autoritarismo, corrupção que há em relações humanas, sejam elas políticas ou sociais, e a manipulação de informações. Fonte: Jéssica Luise.
1984, George Orwell
download (1).jpgRomance distópico clássico do autor britânico George Orwell que retrata o cotidiano de um regime político totalitário de modelo comunista. No livro, Orwell mostra como uma sociedade oligárquica é capaz de reprimir qualquer um que se opuser a ela.
O romance tornou-se famoso por seu retrato da difusa fiscalização e controle de um regime coletivista-socialista na vida dos cidadãos, além da crescente invasão sobre os direitos do indivíduo. Desde sua publicação, muitos de seus termos e conceitos, como “Big Brother”, “teletela”, “duplipensar” e “Novilíngua” entraram no vernáculo popular.
De fato, 1984 é uma metáfora sobre o poder e atuação dos regimes comunistas. Assim como “A Revolução dos Bichos” o livro te ajudará a falar sobre a sociedade como um todo, criticando regimes totalitários, a falta de liberdade de expressão do indivíduo, manipulação e o poder da mídia, invasão de privacidade, tortura, etc… Fonte: Jéssica Luise.
O Cortiço, de Aluísio Azevedo, foi publicado pela primeira vez em 1890. “É uma obra símbolo do naturalismo brasileiro”, avalia Fernando Marcílio Lopes Couto, professor de literatura do Sistema Anglo de Ensino.
O livro, diz Couto, sintetiza dois aspectos do naturalismo: a sexualização (evidenciada pelas referências à sexualidade das personagens e pela presença de homossexuais e ninfomania) e a animalização (que ocorre quando as personagens agem por instinto, reduzidas ao seu instinto animal).
A história se passa no Rio de Janeiro, no fim do século 19, quando a cidade passava por um processo de urbanização que não estendeu seus benefícios aos menos favorecidos, analisa o professor. “É isso que Aluízio de Azevedo flagra no romance: um desenvolvimento seletivo, que beneficia apenas alguns”.
PERSONAGENS SEM DIGNIDADE

Os personagens mais importantes do livro, segundo Couto, são João Romão e Jerônimo. Romão é o dono do cortiço. Explorando seus inquilinos, ele muda, aos poucos, de classe social. Abandona sua amante (a escrava Bertoleza, que se suicida após ser deixada) e se casa com uma moça rica. “Isso mostra sua ascensão social. Mas sua trajetória é de degradação moral, como as outras personagens”, comenta o professor.

Jerônimo é um português que emigra para o Brasil para trabalhar e melhorar de vida, mas passa por transformações radicais. Trai a esposa com Rita Baiana, uma morena sedutora, moradora do cortiço, começa a beber e a reclamar do trabalho. Para ficar com Rita, mata o namorado dela, Firmo, coroando sua degradação. “Ele perde todos seus valores, como o João Romão. Mas acaba a história mal”, analisa Couto.
Se Memórias de um Sargento de Milícias fala das classes baixas usando humor, O Cortiço aborda o mesmo tema com linguagem mais crua, expondo sem rodeios a decadência moral das pessoas, relaciona Fernando Couto. Outra obra da lista obrigatória da Fuvest que se relaciona com O Cortiço é Capitães da Areia(1937), expõe o professor. Os dois livros, diz ele, tratam de problemas urbanos e ligados à moradia. Fonte: Guia do Estudante

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

OPERADORES ARGUMENTATIVOS

Transitividade verbal

Implícitos e pressupostos