Trabalhando com o inglês instrumental para leitura



Estamos nos deparando nos últimos anos com grandes questões acerca do ensino de Língua Inglesa: o nosso público-alvo consegue ou não ter o domínio mínimo da língua? Será que é necessário, por parte do aluno, o domínio de todos as habilidades linguísticas (skills) ou haverá uma hierarquia de necessidades e uso? Até quando alguns professores da rede pública acham que poderão tentar ensinar a língua usando somente músicas com o intuito de agradar a audiência (segundo relatos dos próprios alunos)? 

O ensino instrumental de línguas (ou ainda língua de especialidade, ESL, dependendo do enfoque a ser adotado) vem ganhando espaço desde a década de sessenta com a ideia de apresentar um curso mais objetivo, onde o aluno possa aprender aquilo que é de sua necessidade mais imediata. Muito comum nos meios universitários, como subsídio tendo em vista os exames de proficiência em língua estrangeira (para quem aspira ao mestrado ou doutorado), o curso instrumental acabou se espalhando para outro nível. Pode ser adotado hoje na graduação como curso específico dentro de várias áreas, tais como: Inglês para Turismo, Inglês para Processamento de Dados, etc. Mas existe também a possibilidade de trabalhar com inglês instrumental com os alunos de graduação de letras (pelo menos para os dois primeiros semestres) e alunos do curso médio (rede pública ou privada) Antes de começarmos responder as perguntas acima citadas, precisamos definir quem é o nosso público-alvo, pois as necessidades variam e as concepções de como trabalhar com os diversos materiais também. 

O público que está tentando ingressar nos cursos de mestrado ou doutorado tem um objetivo bem específico: a leitura de textos na sua área; eles porém já têm um certo domínio do vocabulário e de algumas estruturas gramaticais. Os alunos de graduação em Letras devem ter o maior contato possível com diferentes tipologias textuais e vocabulários, a fim de estarem preparados para lecionar a língua. O conhecimento prévio dessa geralmente se mostra incompleto ou segmentado, havendo a necessidade de agregar e prosseguir na construção desse conhecimento. 

O estudo da gramática deve permear o máximo possível a leitura, já que eles precisam ter segurança quanto ao uso. Quem está fazendo uma graduação em outra área e tem o curso de inglês instrumental, precisa aprender algumas regras básicas de gramática, o suficiente para que consiga ler (como por exemplo, conjugação de verbos no passado) e todo o vocabulário específico para poder trabalhar com desenvoltura junto as outras matérias e os desafios que a profissão apresenta. 

Alunos do ensino médio devem ter uma ênfase na gramática (já que ela ainda está na fase de fixação) e na leitura de textos gerais. A gramática tem que ser bem estruturada e dividida entre os sete anos de curso, apresentando uma dificuldade crescente e fazendo com que o aluno desenvolva a capacidade de ler textos cada vez mais difíceis. Em todos os casos, deve ficar bem claro para o professor que ele está ensinando os “instrumentos” com os quais os alunos vão continuar desenvolvendo essa habilidade de leitura pelo resto da vida. 

Trabalhando com a gramática 

O desenvolvimento da parte gramatical deve ser analisado em conjunto com outros professores (que estejam ou não trabalhando com inglês instrumental) a fim de formar um “todo” e haver uma unidade dentro do curso. Alguns materiais didáticos mais recentes já apresentam a preocupação de inserir, pelo menos, o básico da gramática inglesa em suas páginas. Caso optemos por montar nosso próprio material, cabe a nós decidir se haverá uma mistura entre os exercícios instrumentais e a gramática (o que, segundo nossa experiência, parece ser menos cansativo para os alunos) ou a separação entre ambos. 

Trabalhar com textos reais, seja qual for a extensão, parece ser o caminho mais rápido para o aluno reconhecer ou a sua profissão e questões pertinentes (como os alunos de pós-graduação e aqueles que tem inglês instrumental na graduação), ou questões do dia a dia que podem refletir no seu cotidiano e no seu modo de pensar. A artificialidade de muitos exercícios de gramática faz com que os alunos não consigam “ligar” o que foi proposto com a prática. Um exercício que, com um enunciado bem claro, faça uma relação direta com o texto, facilita a assimilação da regra gramatical na mente do aluno e já fornece um exemplo de aplicação. 

Algumas técnicas de leitura instrumental 

Os exercícios de leitura instrumental, onde colocamos em prática uma ou várias técnicas ao mesmo tempo, começam a preparar os alunos para voos solos, quando terão a capacidade de ler recorrendo o mínimo possível aos dicionários. Novamente devemos salientar a importância de textos reais, onde o aluno consiga ver um reflexo do seu dia a dia. Existem várias técnicas de leitura, mas gostaríamos de salientar a importância da construção de sentido. Acreditamos que a melhor maneira de trabalhar é uma ordem crescente, que parte da morfologia das palavras até atingir o entendimento total do texto através dos exercícios de interpretação. Vamos analisar esses estágios com alguns exemplos. 

Predizendo o texto 

Sempre que lemos um texto, temos uma expectativa prévia em relação a ele, seja pela indicação do título, do subtítulo, das representações pictóricas que o acompanham, seja porque alguém já falou sobre esse. Esses elementos que o cercam são de grande valia para criar uma ideia acerca do assunto a ser abordado, fazendo com que estejamos receptivos a esta ou aquela linguagem, a esta ou aquela tipologia textual. Procure trabalhar com esses elementos antes de trabalhar com o texto em si, o que provavelmente vai facilitar a sua leitura. 

Fonte: http://www.ileel.ufu.br/guifromm/wp-content/uploads/2014/05/trabalhandocomoinglesinstrumentalparaleitura.pdf

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