LITERATURA - PRÉ-MODERNISMO



O Pré-Modernismo apresenta-se como uma fase de transição, que compreende o início do século XX até a Semana de Arte Moderna de 1922, em que os autores buscaram uma ruptura radical nos ideais, e seus temas constantes eram a denúncia da realidade político-econômico-social brasileira, a focalização de tipos marginalizados socialmente e o ecletismo (variação constante nos temas literários). 

Seu contexto histórico é a República da Espada (1889-1894), os governos de Deodoro e de Floriano Peixoto, as revoltas da Armada, Federalista, Chibata e da Vacina. Além da Rebelião de Canudos, o cangaço, o fanatismo religioso (Pe. Cícero). Nas cidades, a urbanização, imigração e e industrialização, as greves operárias, o avanço do ideal socialista/comunista. 

A obra que inicia o movimento é Os Sertões, de Euclides da Cunha, publicada em 1902, e o movimento encerra em 1922, na Semana de Arte Moderna. Apresenta quatro prosadores de renome, sendo: -Euclides da Cunha: trabalhava no jornal A província de São Paulo, e foi mandado à Canudos a fim de escrever como correspondente para tal periódico. Acompanha a revolta, o massacre ordenado pelo governo republicano. 

A sua obra OS SERTÕES (1902), consiste numa compilação de seus relatos, onde mostra do lado do sertanejo, uma visão oposta da que se tem na região centro-sul, tornando o sertanejo um homem forte, um herói que sobrevive à condições desumanas. Apresenta 3 partes: - Meio (cenário): "A terra" (1ª Parte) - Descreve geofisicamente o Brasil, a região nordestina, com ênfase no fenômeno cíclico das secas; - Raça (personagem): "O homem" (2ª Parte) - Descreve o sertanejo e sua capacidade de resistência. Estudo minucioso do líder messiânico Antônio Conselheiro, em torno do qual se desenvolveu o povoado de Canudos, comunidade autônoma em relação ao restante do país. - Momento Histórico: "A luta" (3ª Parte) - Descreve a Campanha de Canudos, desde o incidente inicial até o fim, com apenas quatro sobreviventes. 

OS SERTÕES é uma obra de valor sociológico muito forte, pois, entre outros fatores, relata a sociedade nordestina num teor de estudo minucioso, a análise populacional, da vida do sertanejo, isso somado ao profundo patriotismo, que por vezes critica de certa forma os valores de "civilizado" e "bárbaro", tão cultivados pelo europeu. -Lima Barreto: sua obra, TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA (1915), o autor faz uma crítica ao regime republicano (Policarpo é funcionário público, e através dele se desenvolve uma caricatura de Floriano Peixoto), às influências de línguas estrangeiras que adentram nosso território, e mostra isso num linguajar irônico e ingênuo. Aliando ao ufanista e ao patriótico, o personagem principal tenta, sem sucesso, três projetos que visam melhorar o Brasil: transformar o tupi-guarani no idioma oficial, o projeto agrário totalmente nacional e um projeto político, sob a Revolta da Armada. 

-Monteiro Lobato: em URUPÊS (1918), o escritor relata a vida dos lavradores do Café, a alienação, o cenário caipira, tenta desvirtuar da imagem criada pela elite e mostra o caipira que não se preocupa com nada, regido pela "lei do menor esforço", é a crítica à modernidade (conservador), que exclui os menos favorecidos. -Graça Aranha: em CANAÃ (1902), o autor narra a trajetória de imigrantes alemães na região do Espírito Santo. Um deles é nazista, e outro vê o Brasil como a terra prometida (eis o motivo do título da obra). É uma obra que mescla características deterministas e impressionistas, o autor procura focalizar a xenofobia gerada pelos nativos ao aceitar a comunidade alemã. No período, tivemos também um importante poeta, Augusto dos Anjos, sua obra caracterizou-se por possuir grande musicalidade, uso constante de figuras que lembrem as cores preto e vermelho, utilização constante de superlativos (os tais - íssimos), utilização de palavras maiores em seus versos, de adjetivos e de reticências e exclamações. Quanto ao tema, preocupou-se mais com a temática da morte, da tortura moral, do verme, da decomposição, de tremores noturnos e da podridão, hipocrisia do homem e falta de valores, embora de formação católica. Sua única obra foi Eu (1912).

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