USO DA OBRA LITERÁRIA ROMÂNTICA "OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER" NA REDAÇÃO VESTIBULAR



Goethe, nesse romance epistolar, clássico da literatura alemã, é um porta-voz dos anseios e desejos de uma juventude sensível do século XVIII, a partir da figura do jovem sonhador Werther, um personagem muito sensível, que experimenta as emoções e o despertar de um primeiro amor não correspondido. Ao lidar com tais sentimentos, o jovem relata em suas cartas a ambição de tomar para si aquilo que não lhe pertence e acaba por deixar-se levar pela loucura, rompendo as barreiras da moralidade da época e negando, assim, a vida, desacreditado na humanidade e em si mesmo.

Os sofrimentos do jovem Werther, livro considerado como o marco do romantismo na Europa do século XVIII e responsável por uma onda de suicídios intitulada como “Efeito Werther”, discorre sobre a vida de Werther, um jovem inteligente e terno que, longe de sua terra natal, troca correspondências com seu amigo Wilhelm. Durante a leitura das cartas, somente endereçadas ao seu amigo (em nenhum momento vemos as réplicas), observamos a personalidade tenra e doce do personagem ao relatar as belezas da natureza e reflexões a respeito da moral e da vida burguesa do período:

“Os homens estão sempre se queixando por terem poucos dias bons e tantos dias ruins, o que me parece quase sempre injusto. Se o nosso coração estivesse sempre aberto para desfrutar o bem que Deus diariamente nos concede, teríamos, por sua vez, força suficiente para suportar o mal quando ele viesse.” (pg 47)

No entanto, ao conhecer a jovem Charlotte, algo no seu interior é rompido. Como se tudo o que Werther acreditasse ao longo da vida não fizesse mais sentido. Ele, que nunca tivera experimentado os sintomas da paixão, vê-se perdidamente atraído e fascinado por Lotte:

“ Ah! Que fogo me corre pelas veias, quando por acaso o meu dedo toca no dela, quando os nossos pés encostam na mesa! Afasto-me como se estivesse próximo do fogo, e uma força secreta me impulsiona outra vez para o mesmo lugar…Sua inocência, a sua alma singela não sente como essas pequenas intimidades me torturam. Se ela no meio de uma conversa, coloca a sua mão sobre a minha e aproxima-se para dizer alguma coisa…parece que vou cair fulminado por um raio.”

“Ela é sagrada para mim. Todos os desejos se calam em sua presença. Nunca sei como me sinto quando estou junto dela; é como se a minha alma se revirasse em todos os meus nervos.” (pg 56) 

 Sob esse êxtase de sensações, o personagem enxerga-se em plena felicidade. Todavia, Lotte encontra-se comprometida com Albert, um homem honrado que na ocasião está viajando, mas ao retornar, Werther conhece-o melhor e admite que o algoz é um homem de sorte e em nenhum momento culpa-o por sentir o afeto pela sua heroína:

“Um homem honesto e querido que deve ser respeitado. […] Só pelo respeito que tem por ela, devo-lhe a minha estima.” (pg 60)

No decorrer da relação amigável entre o triângulo (Albert, Lotte e Werther) sentimos que os personagens sabem os desejos íntimos que o cercam. Principalmente Lotte, pois diante das cartas aparenta que a mesma sabe dos sentimentos dele, e mesmo assim, alimenta as esperanças do rapaz ao continuar com as visitas e as insinuações. Esse pode até ser um recurso do narrador de tentar influenciar o leitor a interpretar as ações da mocinha, contudo, é nítido que o leitor acabe por chegar a essa conclusão, ou que pense que a inocência e a vaidade da personagem permitiram que a afeição do jovem chegasse a esse ponto, em que o último passa de uma felicidade extasiante ao desespero de não ter o objeto de sua afeição.

Diante desse turbilhão de sentimentos de angústia e desespero, Werther não vê outra saída se não ir embora do vilarejo e tentar seguir a vida sem a presença de sua amada. E nessa mudança, o personagem não é mais o mesmo. Pensamentos de automulitação, e de terminar com a própria vida, que agora não tem mais o sentido de antes, atormentam-no e toda aquela calidez e doçura do início aos poucos esvaí-se, permanecendo apenas o martírio.

Nesse ínterim de livrar-se do sofrimento, o personagem tenta em vão distanciar-se de Lotte, entretanto não consegue, retornando ao vilarejo. E a partir desse retorno, a narrativa adquire um outro aspecto. Werther está mais atormentado do que nunca, e as visitas estão mais carregadas de tensão.  A cada encontro com Lotte, o personagem sentencia o seu fim; através do discurso, ao afirmar que o ato de acabar com a própria vida assemelha-se a uma febre, e que o individuo não tendo posse da sua felicidade deve encerrar contra a vida de maneira que a morte seja a única solução.

O discurso sofrido do personagem, ao término da narrativa, é extremamente cercado por uma escrita poética e sensível. O leitor mergulha no consciente do jovem intensamente. Não é por acaso que uma multidão de jovens tenham se encantado com os sofrimentos e as atitudes do protagonista, utilizando a mesma roupa e cometendo atos contra a vida, sendo, também, Napoleão um grande admirador do escritor, lendo mais de sete vezes o romance. A escrita de Goethe seduz, influência. É como se concordássemos com o destino que o jovem quer para si, como se a única solução para a refração de seus sentimentos fosse o fim da vida. Confesso que, em muitos momentos, cheguei a pensar também como o personagem. É preciso ter um espírito forte e decidido para que a narrativa não influencie o leitor ao extremo. A literatura tem esse poder de repensarmos a vida. Mas é necessário que se busque sempre o melhor para nós mesmos.

AS VÍTIMAS DE GOETHE (perspectiva para redação)

1.

O romance "Os sofrimentos do jovem Werther", escrito pelo alemão Goethedurante o século XVIII, narra um trágico caso de amor impossível do jovem protagonista e descreve o modo pelo qual a personagem se suicida. Tal obra, além de ser o marco do Romantismo da literatura universal, serviu como "molde" e "inspiração" para muitos jovens cometerem suicídios de modo análogo a Werther. Hodiernamente, no Brasil, o suicídio entre adolescentes não mais encontra a "influência" romântica antes notada no velho continente, mas sim é o bullying um dos motivos para o aumento desse ato nocivo à vida.

Diante do cotidiano do século XXI, no qual todos se importam com padrões pré-estabelecidos de beleza e consumo, o ambiente escolar, contraditoriamente, é recorrente atos de discriminação e violência. Isso é devido à atitudes de agressão verbais e físicas motivadas pelos próprios jovens imersos no preconceito à diversidade étnica, religiosa, física e sexual que compõem a sociedade brasileira hoje. Como consequência dessa doutrina de repúdio e opressão, muitos adolescentes são privados de seu desenvolvimento interpessoal, pois possuem medo de se socializarem e ficam cada vez mais suscetíveis ao suicídio. 

2.

Na obra literária alemã “Os sofrimentos do jovem Werther”, de Johan Goethe, o protagonista Werther encontra no suicídio uma forma de livrar-se das dores de um amor não-correspondido. A temática de infelicidade fez com que parte dos leitores, no século XVIII, se suicidassem, pois, sentiam-se representados pelos anseios do personagem e, assim como ele, viram no suicídio uma forma de libertação. Nesse sentido, percebe-se que esse problema de saúde já ocorre ao longo dos séculos e hoje, no Brasil, a taxa de suicídios está cada vez maior urgindo a necessidade de alteração deste cenário. 

3.

Os sofrimentos do Jovem Werther é um romance espistolar trágico, escrito pelo autor alemão Goethe. A obra retrata a angústia e o sofrimento de um jovem devido a um amor não correspondido, acarretando-lhe uma depressão que o levou ao suicídio. Fora da literatura, a sociedade contemporânea vive semelhante a angústia da personagem através dos suicídios recorrentes, que refletem um cenário desafiador, seja pelo isolamento social, seja pela ineficiência dos órgãos educacionais na busca pelo diálogo.

OBRA DISPONÍVEL GRATUITAMENTE NO LINK ABAIXO:

http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/goethe_03.pdf

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